No Grammy Latino
André Piunti
Grammy Latino
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Pode parecer um tanto estranho, mas quatro horas antes do Grammy, há uma cerimônia que adianta o nome de diversos artistas premiados.
Na “pré-cerimônia”, em uma salão do hotel Mandalay Bay, é repassado ao pequeno público presente os nomes dos ganhadores do Grammy Latino nas categorias que tratam exclusivamente de artistas de um só país, como a de “Melhor Álbum Sertanejo”, por exemplo.
Na cerimônia oficial do Grammy, o grande ponto que nos interessou foi a apresentação de Paula Fernandes, uma estreia em alto estilo diante de um público que pode ser o dela daqui algum tempo, já que a carreira internacional não é um passo para agora, segundo entrevistas dadas pela própria cantora.
Ela não levou nenhum dos dois prêmios pelos quais concorria, mas sua apresentação foi bem mais significativa do que seria receber um troféu.
Dos concorrentes sertanejos, apenas ela e Roberta Miranda estiveram presentes na cerimônia.
Paula cantou “Meu eu em você”, em português, ao lado do porto-riquenho Romeo Santos, que traduziu a música para o espanhol.
A outra grande notícia para quem gosta de sertanejo foi a vitória de João Bosco e Vinícius com o álbum homônimo lançado no início desse ano. Sem sombra de dúvidas, foi o CD sertanejo mais criticado de 2011, que contém canções como “Chuva” e “Abelha”.
Mais do que receber o troféu para decorar estante, a vitória da dupla coroa quase 20 anos de carreira de dois cantores que marcaram um novo momento da música sertaneja, em meados dos anos 2000, com o tão conhecido ‘sertanejo universitário’.
Coroa, ainda, o trabalho do produtor Dudu Borges, responsável também pelo grande sucesso deles, “Chora, Me Liga”.
Diferentemente de outras duplas da nova geração, desde o final do ano passado João Bosco e Vinícius deixaram de ser figuras desconhecidas na América Latina. As dezenas de versões de “Chora, Me Liga” se alastraram, e tem versão que toca inclusive aqui em Las Vegas. A imagem pode não ser conhecida, mas o nome já não soa estranho para grande parte dos jurados.
Assistir ao evento ali da plateia é realmente uma experiência marcante, mas não dá para não reparar na fraqueza da música brasileira diante de dezenas de países muito menores que o Brasil. Mesmo a língua sendo um problema, a força que o país tem em uma premiação desse porte é irrisória. Com a ausência de quase todos os brasileiros que competiam em alguma categoria, a importância da música brasileira na premiação conseguiu se tornar menor ainda.
Da parte boa, ainda houve a vitória do Exaltasamba na categoria Samba/Pagode, que ao lado do prêmio de João Bosco e Vinícius, mostra que o que é realmente popular conseguiu espaço entre os jurados da Academia. As constantes premiações a artistas “cults” deixavam o Grammy muito distante da nossa realidade.