O quanto vale um CD?
André Piunti
Voltando a um assunto já discutido por aqui.
Não sei se algum de vocês já tem em mãos, mas a versão promocional do novo CD de Fernando e Sorocaba, “Bola de Cristal”, vem com algumas faixas bônus (se não estou enganado, não é a primeira vez que eles fazem isso).
Um desses bônus é a música “Barraco”, da Thaeme Marioto, cantora que venceu uma das edições do “Ídolos”, e hoje é empresariada pelo Sorocaba (quem quiser ouvir, a música está no final dessa postagem).
Como o CD em loja não vende mais mesmo, grande parte do público vai conhecer o trabalho novo junto com esses “extras”.
É exatamente o que alguns sites de download fazem, colocando duas ou três músicas de uma dupla nova dentro do arquivo de outros CD’s, com o intuito de divulgar esses novos artistas.
Por essa prática adotada pela dupla, fica visível que o CD não é nada mais que um simples meio de divulgação, apenas mais um, longe de ser o objetivo final. E o exemplo vem de uma dupla que está no auge.
Trata-se de só mais um exemplo de que a busca por uma fórmula genial, um acerto nunca feito antes, ou uma padronização quase sempre inancalçável, não se justifica.
Se um CD trouxer metade de música de estúdio, metade ao vivo, provavelmente vão surgir críticas de quem trabalha no meio.
Para o público, que se preocupa exclusivamente com música, não faz mais a menor diferença. Isso é só um exemplo.
O que conta negativamente para o trabalho uniforme é que se ele não agradar, não há o que o salve. Se já não há mais a necessidade de um padrão (e não há), insistir nele pode ser um equívoco que venha a prejudicar muito uma carreira.
O primeiro CD de Jorge e Mateus, aquele gravado na garagem, tinha de regravação do Fágner até Gian e Giovani, passando por lado B de João Paulo e Daniel.
O projeto “Palavras de Amor”, de César Menotti e Fabiano, tinha Erasmo Carlos, Padre Marcelo Rossi e Cogumelo Plutão.
As misturas não eram muito lógicas, mas os repertórios tiveram apelo suficiente para mudar a vida de ambas as duplas, apelo que poucos discos tiveram nesses últimos anos.
Se apenas 3 ou 4 músicas serão trabalhadas nas rádios e tocadas na televisão, por que não usar todo o espaço restante do disco para fazer algo diferente?
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