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Música sertaneja de mãe pra filho
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André Piunti

Há uma dupla em Londrina, que lançou seu primeiro DVD recentemente, chamada Davi e Fernando.

Existe uma história por trás da carreira dos irmãos que eu acredito que não se repete com nenhuma dupla atualmente.

Eles são empresariados por uma mulher chamada Inez Stadler, que também compõe para eles, inclusive a atual música de trabalho, “Colheitadeira do Vovô”, é composição dela.

Não haveria nada de tão diferente se a Inez, empresária e compositora, não fosse também mãe da dupla.

Em um meio em que tradicionalmente o pai é a figura que mais incentiva os filhos a cantar, exemplo exaltado no filme “2 Filhos de Francisco”, aos 44 anos, ela é responsável por todo o investimento da carreira dos filhos, de 19 (Davi) e 21 (Fernando) anos.

Achei a história interessante e fui atrás procurar conhecer mais. Entrevistei a mãe/compositora/empresária e percebi que se trata daquelas histórias que valem a pena ser compartilhadas.

“Eu escrevia peças de teatro e comandei um grupo de danças folclóricas, no qual meus filhos se destacavam. Ambos possuíam uma grande bagagem em festivais de música, colecionam mais de 50 troféus. O pai deles, Davi Stadler, faleceu há 4 anos, e era um apaixonado por música, tanto que viajava com os meninos para os festivais. Com a morte dele, eu atendi a um pedido do Fernando, que me pediu pra continuar ajudando no sonho dele. Com o Davi foi mais difícil, ficou traumatizado, mas com a ajuda de psicólogos conseguimos convencê-lo a seguir em frente”, conta a mãe.

Como é empresária, ela embarca todo o fim de semana com a equipe para acompanhar os shows. Com os filhos no palco, acompanha a reação do público diante das músicas que decidiu compor ao perceber que faltava algo no repertório escolhido para o DVD.

Eu já havia feito algumas composições para o grupo de dança, mas músicas com mais poesia. Comecei a compor sertanejo pela necessidade de achar um sucesso pra dupla. Quando eles estavam escolhendo repertório pro DVD, eu escrevi em menos de 10 minutos a “Como é que o bruto faz” (primeira música de trabalho). A pedido do Davi, eu fiz a “Colheitadeira do Vovô” e dirigi o clipe da forma que eu queria, escrevi cena por cena (vídeo no final do texto), conta.

“Eu comando sozinha a dupla, faço de tudo. Comecei com pouco recurso, mas hoje consigo capitalizar pra reinvestir, pois fechamos o mês de dezembro com 14 shows. Comando sozinha a dupla, que é meu grande projeto de vida.”

O fato de ser mãe também já causou situações inusitadas. Uma delas foi com uma contratante de Maringá, que estranhou a forma efusiva com a qual a mãe ‘vendia’ a dupla: “Falei que a dupla era ótima, vozes diferenciadas, presença de palco fora do comum, e que ela não se arrependeria do negócio. Depois da conversa, ela me perguntou o que eu era deles. Disse que era mãe e ela deu risada, pois só sendo uma mãe pra falar bem de uma dupla daquele jeito“.

Outra boa história foi quando ela acompanhava o show da dupla de um camarote: “Tinha uma moça que jogava beijos pra eles, gritava e bebia, aí ela encostou em mim sem saber que eu era mãe deles e falou: ‘Eu pegava, você não pegava?’. Eu respondi ‘opa, claro’. Foi engraçado.”

Abaixo, o clipe de “Colheitadeira do Vovô”, dirigido por Stadler.


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