Se nada der certo, vire sertanejo
André Piunti
Na última semana, foi noticiado que o programa “Ídolos” vem perdendo em audiência para “A Praça é Nossa”, deixando a Record em terceiro lugar no Ibope.
Antes dessa edição do programa, especulou-se que a música sertaneja teria mais abertura, com o intuito de que o vencedor do programa conseguisse algum destaque depois que a atração acabasse, já que o gênero está em evidência.
Acabou que o espaço para o estilo não foi isso tudo que alardearam, e apesar de as notícias sobre a audiência, a Record afirma que a edição atual tem o maior faturamento entre todas.
No entanto, já começaram novamente os boatos de que, se houver mais uma edição do programa no ano que vem, a música sertaneja será o alvo.
Cito o “Ídolos” por um motivo específico: Rafael Barreto, vencedor de 2008, tornou-se cantor sertanejo. Saulo Roston, vencedor de 2009, virá com canções sertanejas no próximo disco. Thaeme Mariotto, vencedora de 2007, hoje tem a dupla Thaeme e Thiago. Juliani Fernandes, finalista do ano passado, formou a dupla Juliani e Bruno, aposta da Record Entretenimento.
Ou seja, para cada edição realizada de “Ídolos”, há um sertanejo no mercado que não é, digamos, “original de fábrica”.
Com o sucesso atual do gênero, o sertanejo virou aparente solução ou salvação para muitos artistas. Até mesmo os programas de domingo na televisão estão cada vez mais recheados de cantores e duplas, em busca de audiência.
Pessoas que jamais imaginaram fazer parte da música sertaneja, hoje apostam nela para vencer. Para quem é criado a base de música sertaneja, é estranho ver um artista apostar no gênero só pelo fato de ele estar em alta, algo pouco comum ao longo da história, mas que tem se tornado uma realidade cada vez mais escancarada.
Em 2010, o cantor Fábio Elias lançou seu primeiro trabalho sertanejo. Fábio foi, durante 20 anos, integrante da banda de rock “Relespública”, fundada em Curitiba no final dos anos 1980. Foi alvo de chacota e de fãs indignados, mas segue sua carreira de músico profissional como cantor sertanejo. Recentemente, declarou que “ainda me perguntam se estou feliz tocando sertanejo. Na real, eu estou feliz tocando qualquer música. O importante é ter força pra tocar e cantar!”
Abaixo, Fábio Elias como roqueiro, dois anos atrás, e atualmente, como sertanejo.
Hudson (ex-Edson) e Giuliano (ex-Luiz Cláudio) se aventuraram fora do sertanejo, mas não resistiram por muito tempo. Ambos hoje formam novas duplas, como já era esperado.
Léo Magalhães também foi um nome que passou um tempo longe do sertanejo. Desconhecido, partiu para o Norte e Nordeste e acabou fazendo sucesso como cantor de arrocha. Com a ascensão dessa nova fase do sertanejo, decidiu voltar a seu estilo original e se destacou.
O mercado da música sertaneja, de mais de mil festas por ano e de cachês milionários, tem se tornado cada vez mais uma fábrica de ilusões.
Se tem gente até de dentro se iludindo, imagina quem vem de fora.