Sertanejos não fazem feio em Salvador
André Piunti
No sábado, o Bloco Sertanejo estreou no Carnaval de Salvador, com Michel Teló, Fernando e Sorocaba, João Bosco e Vinícius e Guilherme e Santiago. No domingo, Jorge e Mateus levaram seu show elétrico, que já rodou bastante o país, para o circuito Barra-Ondina.
Por mais que o estilo musical fuja do axé predominante, e várias canções não sejam do conhecimento da maior parte do público, os sertanejos passam pelo circuito como algo diferente, mas que não quebra o clima animado dos outros inúmeros trios.
O que houve de mais interessante no “Sertanejo” foi a reunião de todos os artistas em cima do trio, um tipo de encontro difícil de se realizar por conta de agenda e outras peculiaridades.
Uma apresentação nesse estilo, com vários nomes reunidos e se revezando o tempo todo, seria um projeto especial que poderia dar muito certo fora do carnaval, mas que não faz parte dos planos dos artistas.
Foi curioso ver o comportamento do público em relação ao Michel Teló, que apesar de ter a carreira mais curta do que o outros participantes (ele canta solo desde 2009, quando saiu do “Tradição”), pareceu ter a imagem mais conhecida. Faz sentido, se considerarmos a quantidade de programas de televisão que ele fez recentemente, desde que “Fugidinha” começou a se transformar em hit.
Quanto ao “Pirraça”, o que se viu foi o previsto: um show já bem formatado, com os cantores acostumados a trios elétricos e a públicos não necessariamente sertanejos. O bloco ainda teve a participação de Gusttavo Lima, que cantou por cerca de vinte minutos.
Algumas músicas funcionaram muito bem, com destaque para “Amo noite e dia” e “Chove, chove”. Jorge e Mateus também apresentaram músicas de duplas do dia anterior, como “E daí” e “Chora, me liga”.
Ambos os trios serviram para mostrar a força de alguns sucessos no Nordeste, apesar de haver muita gente de outras regiões. Mesmo o sertanejo estando longe de ser a música predominante, as regravações nem sempre autorizadas de canções acabam funcionando como uma divulgação gratuita. Fica a cargo de cada um pensar o quanto é válida ou não essa divulgação.
Mesmo com a exposição muito positiva de ambos os trios, a criação de uma tradição de duplas sertanejas entre os blocos de Salvador vai depender da boa vontade dos artistas e empresários, já que essa participação na festa ainda não é um bom negócio financeiro. Além de ser tratado apenas como investimento, os cantores acabam abrindo mão de um dia de show, em uma época de festa que se poderia ganhar mais dinheiro do que em um fim de semana normal.
Vir até Salvador para ver os sertanejos, como muita gente fez, pode ser interessante desde que se tenha em mente que nem o mais lotado dos rodeios chega próximo ao “aperto” que se passa por aqui. Mesmo escolhendo ficar nos camarotes mais caros, de R$ 600 por dia para cima, muitas vezes é necessário passar em meio a brigas e correrias. Pontos quase inevitáveis para uma festa popular do tamanho da de Salvador, mas que faz com que muita repense em vir novamente. Ouvi esse tipo de reclamação de algumas pessoas que vieram só para o sertanejo.
No domingo, fiz algumas fotos com o celular em cima do Bloco Pirraça. O Bloco Sertanejo assisti a maior parte pela TV.
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