Os melhores discos sertanejos de 2013
André Piunti
Escolher os melhores discos do ano é uma tarefa demorada, mas divertida. Apesar de os fãs defenderem os discos dos ídolos e de alguns terem divulgação muito maior que outros, o que importa no final das contas é o tal do repertório e o impacto que ele causa nas pessoas.
Sempre vai ter quem não concorde, mas o blog existe pra isso mesmo, pra que as pessoas discutam e mostrem suas opiniões. Discos lançados de novembro pra cá não entraram, como o de Jorge e Mateus em Londres ou de Fernando e Sorocaba em São Paulo, por exemplo, pois muita gente ainda não teve oportunidade de ouvir.
Na votação do público, aberta aqui no blog e no Facebook, e também na eleição feita recentemente pelo UOL, o posto de melhor disco do ano ficou com “O Nosso Tempo é Hoje”, de Luan Santana.
O que eu penso, como jornalista e fã de música sertaneja, segue abaixo.
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5 – Na Hora do Buteco – Edson e Hudson
(Hudson)
Com a dupla assumindo a própria carreira, o lançamento foi feito de forma diferente, sem aquela gastança exagerada, mas bem mais focado no público deles (uma apresentação no Ratinho e um show no Villa Country marcaram o lançamento).
O CD “Na hora do buteco” é feito na zona de segurança de Edson e Hudson. Produzido por Hudson, as músicas se focam exclusivamente na voz do Edson. Acústico, o disco traz apenas duas inéditas, em meio a sucessos sertanejos e algumas até de outros estilos, regravadas de forma a dar um tom mais triste do que as músicas já tinham originalmente.
Aos que reclamam dos rumos do sertanejo, o disco é um bom respiro em meio a uma série mudanças discutíveis. Destaque para “O Fruto do Nosso Amor”, sucesso do Amado Batista.
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4 – Acústico – Eduardo Costa
(Eduardo Costa)
Um disco do Eduardo Costa pra quem gosta do Eduardo Costa. Não que ele esteja muito preocupado com algum tipo de crítica, mas relembrar o projeto “No Boteco”, a sacada que o colocou de vez sob os holofotes sete anos atrás, fez do novo disco uma quase unanimidade entre os fãs.
Sem se importar com o que dizem por aí, Eduardo escolheu a dedo suas regravações, com a maior parte das músicas sendo aquelas que até fizeram sucesso, mas que não chegaram ao primeiro escalão da fama. Deu o nome de “Acústico”, mas não transformou o projeto em algo intimista. Menor que seus DVD’s anteriores, mas ainda sim com uma produção considerável.
Interpretando todas as canções daquele jeito exagerado que a gente tanto conhece, mais do que nunca o CD tem sua cara. De fato, um dos discos mais legais de 2013.
Meu destaque vai para “Não dá pra fazer amor sem ter você”, gravada originalmente pelo Marcelo Aguiar.
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3 – Continua – Cristiano Araújo
(Bigair dy Jaime/Blener Maicom, Diogo/Wilibaldo /Thyeres Marques/Dudu Borges)
É o melhor CD da carreira do Cristiano. De todos citados aqui, é o disco com mais faixas que poderiam se transformar em músicas de trabalho.
O disco é muito bom, apesar de a salada de produtores naturalmente causar algumas diferenças no projeto final. Há algumas animadas muito boas, como “Escondidinho” e “Mete Fogo”, mas as grandes músicas mesmo são as românticas. “Maus Bocados”, primeira parceria do cantor com o produtor Dudu Borges, é o carro-chefe do disco, não à toa é a atual de trabalho. Ao menos outras quatro seriam bem sucedidas se trabalhadas: “Igual você não tem”, “Continua”, “Uma semana” e “Pedaços”, além de “Caso Indefinido”, que já foi trabalhada.
O CD é uma boa prévia, e ao mesmo tempo um bom teste, para o DVD que Cristiano planeja pra 2014. Sob os cuidados de um único produtor, e peneirando mais ainda o repertório, tem tudo pra ser um dos grandes projetos do ano que vem.
Meu destaque vai para “Igual você não tem”.
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2 – Na Terra do Pequi – Israel e Rodolffo
(William Borjazz)
Repertório inédito, bom da primeira a última música. O CD não ficou como o melhor do ano pelo fato de não ter emplacado uma canção com força, mas fico na torcida para que alguma ainda consiga maior repercussão. É o CD mais importantes do ano pela certeza que ele reitera: é possível fazer música sertaneja tradicional e inédita.
De todos os discos citados aqui, é o que mais tem chances de virar referência lá na frente. É muito bom. Obrigatório. O desempate com o primeiro colocado foi por detalhe. Quase não o coloquei na disputa normal por achar que ele merecia um destaque a parte, mas pra não fugir da proposta, ele fica como o segundo grande disco de 2013.
Meu destaque é “Tapera Caída”.
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1 – Ao Vivo – Jads e Jadson
(Flávio Guedes/Jadson)
Quando uma dupla traduz em um CD o que é sua essência (palavra da moda), mesmo que essa essência não seja o que está na moda, e ainda consegue emplacar um hit e fazer a carreira decolar, é porque aí há algo diferente.
O CD inteiro é bom, uma sequência de música ótimas, sem procurar muletas em momento algum. Emplacaram “Jeito Carinhoso” de uma forma que quase ninguém esperava, principalmente porque há várias outras músicas boas no disco, até mesmo melhores do que ela. E o ponto principal é que a viola, origem da dupla, continua ali presente e sendo defendida.
Jads e Jadson com o melhor disco do ano não é uma vitória só deles, mas de uma grande parte da geração atual que não entra nessa onda de que é necessário cantar o que não se gosta pra fazer sucesso. É um disco pra homem, pra mulher, pra quem entrou no sertanejo agora e, principalmente, pros mais ranzinzas.
Pra não dizer que sou só elogios, particularmente não gosto das regravações de músicas cantadas por mulheres (Wanessa, Pitty e etc). A única que concordo é “Planos Impossíveis”, atual música de trabalho. A canção é uma regravação da Manu Gavassi, e imagino que pouca gente aqui saiba disso (eu mesmo soube bem depois).
De fato, o melhor disco do ano.
Abaixo, meu destaque, “Casa Caída”.
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-DVD’s
Os três DVD’s acima têm algo em comum: são mega produções, com alto investimento financeiro e com grande número de profissionais envolvidos. O DVD do Daniel não foi lançado em CD.
Paula e Luan têm casos parecidos. Ambos não são apenas discos, mas sim “grandes projetos de carreira”. Os dois projetos foram lançados com interesses além da consagração de uma música ou outra. São tentativas de afirmação do tamanho dos artistas, entre outras coisas. Por isso, na minha opinião, a parte visual é elemento fundamental para que os discos façam sentido, e os CD’s perdem quando precisam concorrer somente como CD’s.
Luan, ao se unir ao produtor Dudu Borges, propõe um caminho novo, grandioso, espetaculoso, que se calca na monstruosidade do DVD pra se fazer entender por completo. Agora sim, mais do que nunca, ele encarou o rumo do pop, com todos os prós e os contras que tal decisão pode acarretar. Creio que o vídeo de “O nosso tempo é hoje” explica bastante essa ideia.
Paula, com seu sempre presente produtor Márcio Monteiro, segue fielmente a linha musical que a tornou consagrada, mas pisou mais fundo na produção visual do DVD. Enquanto suas letras falam de amores e simplicidade, os cenários, as roupas e os efeitos visuais fazem um contraponto interessante, que só fica claro quando o projeto é ouvido e assistido.
São os três grandes DVD’s do ano, e pra mim, precisam ser assistidos para que todo o projeto tenha sentido.
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