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Os 10 melhores discos de 2012
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André Piunti

Como disse três semanas atrás quando abri o espaço para discussão sobre os melhores discos, o ano não fecha de forma tão animadora. Culpa, ao que parece, das loucuras do mercado e da busca cada vez mais incessante por um hit, o que acaba atrapalhando até mesmo quem já tem um trabalho mais estabilizado.

Abaixo, segue a lista com os 10 melhores discos de 2012, de acordo com o que os leitores escolheram em mais de 500 comentários no blog, o dobro da eleição do ano passado. Junto ao nome do disco, aparece o nome do produtor responsável.

Minha opinião segue no final da postagem.

Lembrando que só valiam discos lançados a partir do dia 1º de janeiro de 2012. Como acontece todo ano, CD’s lançados no comecinho do ano acabaram sendo esquecidos, talvez por passarem a impressão de que são do ano anterior.

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10º – Zezé di Camargo e Luciano – Ao Vivo (20 anos de sucesso)
(César Augusto)

O CD traz uma mescla de canções gravadas no DVD com algumas inéditas. Mais uma vez, a dupla consegue um álbum que traz músicas até melhores do que as escolhidas para trabalho, como é o caso, por exemplo, de “Tudo deu em nada”. O carro-chefe do projeto nas rádios foi “Sonho de Amor”, regravação de uma canção do início dos anos 1990.

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9º – Munhoz e Mariano – Ao Vivo em Campo Grande
(Ivan Miyazato)

O CD tem cara de CD de dupla que está procurando um espaço: músicas de todos os tipos, românticas e agitadas, sérias e besteirentas, boas e ruins. O objetivo foi alcançado: emplacaram um hit e a dupla agora é vista com outros olhos. Mesmo que não vire nenhuma outra música, a missão deste CD já foi cumprida.

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8º – Gusttavo Lima – Ao Vivo em São Paulo
(Ivan Miyazato)

O CD/DVD aparenta ter uma parte necessária, a das músicas-chiclete, e outra parte que é do gosto do cantor, com canções apaixonadas e regravações, também apaixonadas, mais conhecidas. O projeto veio com a dura missão de dar sequência ao sucesso do “Tchererê”, e acabou achando “Gatinha Assanhada”, que assegurou Gusttavo mais um ano entre os principais artistas do país.

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7º – João Bosco e Vinícius – A Festa
(Dudu Borges)

Voltar às origens não significa apenas relembrar o que foi bom ou quem sabe até andar pra trás. João Bosco e Vinícius voltaram a se aproximar das músicas mais simples que os fizeram sucesso. Ainda que um pouco rebuscado em alguns momentos, o novo CD/DVD traz canções como “Tô de Boa”, que deixa claro qual é o caminho deles. “Tô de boa” é uma aposta interessante para 2013.

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6º – Paula Fernandes – Meus Encantos
(Márcio Monteiro/Paula Fernandes)

O CD é fiel ao discurso que Paula sempre fez do próprio trabalho. O novo projeto é uma sequência, refinada, do “Ao Vivo”, que vendeu 1,5 milhão de cópias. Todo autoral, a cantora ainda aproveita com tranquilidade de uma boa seleção de canções escritas ainda na fase anônima. Lançado em maio, o CD já bateu a casa das 400 mil cópias vendidas. A grande canção do disco se chama “Céu Vermelho”.

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5º – Eduardo Costa – Pecado de Amor
(César Augusto)

Eduardo voltou neste disco a produzir com César Augusto, e o CD tem a cara da parceria. Com duas músicas emplacadas nas rádios, “Começar de Novo” e “Anjo Protetor”, o cantor segue sem se importar com o que acontece no resto da música sertaneja. Diferentemente de outros discos, este não traz canções tão sofridas, característica forte da carreira de Eduardo. Pra mim, o grande destaque é “Eu quero te dizer que sim”.

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4º – Victor e Leo – Ao Vivo em Floripa
(Victor e Leo)

O projeto mais despretensioso desde que a dupla passou a ser conhecida. Com o perfeccionismo aparentemente deixado um pouco de lado, o CD/DVD tem cara de projeto ao vivo mesmo, sem tanta correção no áudio (Victor disse que a ideia era deixar alguns erros aparentes de forma proposital). Apesar do resumo dos maiores sucessos, o grande atrativo do CD/DVD são as participações de sertanejos dos anos 1990. Destaque para a parceria com Zezé di Camargo e Luciano em “Quando você some”, sucesso nas rádios.

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3º – Bruno e Marrone – Pela Porta da Frente
(Dudu Borges)

Depois do CD “Juras de Amor”, a situação parece que clareou para Bruno e Marrone. O novo CD/DVD traz os cantores visivelmente mais soltos, felizes, despreocupados. Apesar do “De volta aos bares” ter sido um projeto interessante, “Pela porta da frente” tem o repertório mais abrangente, e apesar das reclamações de alguns fãs, é o grande projeto da dupla, pelo menos, desde o DVD acústico duplo.

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2º – Luan Santana – Quando Chega a Noite
(Fernando Zor/Luan Santana)

É quase unânime a ideia de que o CD apresentou um Luan Santana disposto a mudar de imagem, mostrar-se mais adulto, pessoal e musicalmente. Fica a curiosidade para ver o que virá no próximo trabalho, principalmente após o lançamento de “Sogrão Caprichou”. O ponto forte do álbum é a canção mais bonita da carreira do Luan, “Te Vivo”, que deve fechar o ano entre as mais tocadas.

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1º – Jorge e Mateus – A Hora é Agora
(Dudu Borges)

Após dois anos, Jorge e Mateus lançaram CD novo. No status de dupla mais popular do momento, a resposta ao novo projeto foi imediata: em poucas semanas, as novas canções já estavam sendo cantadas de cor pelo público, mesmo com o CD tendo sido apenas “solto” na internet. Pela votação do público, a dupla venceu com certa tranquilidade. Curiosamente, nos últimos 5 anos, eles levaram 3 vezes a votação aqui no blog.

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Na opinião do blogueiro, os dois CD’s abaixo são os melhores de 2012.

Tentei desempatar colocando os CD’s lado a lado, mas não havia necessidade.

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Ambos os projetos foram lançados no segundo semestre, e têm Dudu Borges como produtor.

O álbum “A hora é agora”, de Jorge e Mateus, teve a complicada responsabilidade de dar sequência ao “Ai Já Era”, mas não decepcionou. Não tem um “Amo noite e dia”, é verdade, mas tem o chiclete “Flor”, que acaba sendo uma resposta direta a quem achava que a dupla havia rumado de vez para o tal do “pop”.

Mesmo não tendo o impacto que o antecessor teve, o repertório é mais abrangente, bem mais interessante na visão de muitos (na minha, inclusive). Se a canção que dá nome e abre o disco puxa para um “novo” Jorge e Mateus, “Passa esse modão” puxa para o “velho”. E o repertório todo segue fazendo esse balanço.

Trata-se de uma dupla que conseguiu impor seu estilo, o que faz com que ela siga liderando o mercado, mesmo com ele de ponta-cabeça. Pensar em um CD como um todo, e não em um simples catadão de músicas boas, também ajuda entender, apesar de não explicar totalmente, o porquê de a dupla ter atingido um patamar tão superior.

Quanto ao projeto do Bruno e Marrone, “Pela Porta da Frente – Ao Vivo”, me arrependeria de não citá-lo aqui. O CD/DVD abre uma possibilidade de discussão muito grande, já que se trata de uma dupla que há 15 anos faz discos bons. E o que me faz colocá-los nesta posição é justamente isso: após os últimos anos terem trazido trabalhos que não condiziam com o tamanho deles, voltamos a discutir um belo trabalho de Bruno e Marrone.

Também discordo de coisas mais “jovens” do repertório, também preferia que os arranjos lá dos anos 1990 fossem mantidos, mas não dá pra fechar os olhos para o que está acontecendo: onze anos após estourar nacionalmente, a dupla conseguiu mudar seu público. Os jovens presentes na gravação do DVD talvez nunca tenham ouvido o “Acorrentado em Você”, terceiro e indispensável CD da carreira da dupla, mas já entenderam o que são Bruno e Marrone diante dos outros.

É estranho para quem os acompanha há tempos, mas é uma conquista que apenas eles conseguiram na música sertaneja até hoje.


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