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Arquivo : duplicação de CD’s

Os CD’s promocionais
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André Piunti

A ascensão do sertanejo nesses últimos anos, e acentuada em 2010, não tem méritos apenas musicais.

Mesmo dentro das grandes gravadoras, as duplas tomaram para si o confronto com a pirataria, e isso foi tão importante quanto a renovação do estilo. Se não houvesse uma nova postura dos artistas, o novo sertanejo não chegaria tão longe, independentemente de se fazer uma música nova e comercialmente interessante.

Se os piratas vendiam por R$ 3, os sertanejos resolveram distribuir os discos gratuitamente.

E assim, a pirataria de discos afundou, já que o sertanejo sempre foi o grande mercado dos piratas.

No ano passado, 2009, algumas duplas chegaram a distribuir mais de 1 milhão de CD’s cada. Nesse ano, há duplas que já chegaram a 1,5 milhão. Há artistas que não concordam com a prática, mas são minoria.

Um milhão de discos significa cerca de R$ 500 mil em investimento. Alto, mas levando em conta que um dupla no topo cobra R$ 150 mil em um show, o investimento torna-se praticável. São os chamados “CD’s promocionais”, com capinha de papel e sem encarte.

Uma empresa de duplicação de discos em São Paulo chega a produzir quase 2 milhões de discos por mês. Um CD único sai por volta de 80 centavos, mas com o número de cópias crescendo, o preço diminui, e chega a atingir a casa dos 50 centavos.

A ideia partiu do mercado musical nordestino, sempre a frente no que diz respeito a formas alternativas de divulgação.

As gravadoras sabem de tudo que acontece e podem até não concordar, mas têm consciência de que se trata da única forma de divulgação que realmente vem dando certo hoje.

Não é de bom tom que os cantores e empresários falem sobre isso, afinal, poderia soar como um desrespeito a essas gravadoras, que são parceiras, mas a prática é feita abertamente e a distribuição acontece em todas as festas do país.

Mesmo que haja quem discorde dessa distribuição, dizendo que ela desvaloriza o trabalho do artista, esse foi o caminho achado também por duplas menores, com o intuito de fugir do jabá das rádios. Em vez de dar o que não tem para tocar por um mês em uma rádio grande, gasta-se em duplicação de discos, que são entregues em portas de faculdade, bilheteria de rodeios ou em qualquer outra festa sertaneja.

Do que se chama de “novo sertanejo”, o rompimento com o padrão convencional de divulgação foi um dos fatores fundamentais para o sucesso do gênero.


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